Alice no País das Maravilhas é um romance infantil do escritor inglês Lewis Carroll. A obra apresenta elementos fantásticos, além de explorar o nonsense e o absurdo. A narrativa conta a história da menina Alice, a qual, depois de seguir um apressado Coelho Branco, entra em um estranho mundo, o País das Maravilhas.
Nesse lugar, Alice encontra personagens como a Duquesa, o Gato de Sonho, a Taturana, o Chapeleiro e a Lebre de Março. Conhece também a autoritária e irracional Rainha de Copas, que gosta de mandar seus soldados cortarem a cabeça de quem lhe desagrada. Por fim, Alice volta à realidade e percebe que tudo foi um sonho.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Alice no País das Maravilhas
- 2 - Análise da obra Alice no País das Maravilhas
- 3 - Características da obra Alice no País das Maravilhas
- 4 - Contexto histórico da obra Alice no País das Maravilhas
- 5 - Ideia principal de Alice no País das Maravilhas
- 6 - Frases de Alice no País das Maravilhas
- 7 - Lewis Carroll, autor de Alice no País das Maravilhas
Resumo sobre Alice no País das Maravilhas
- Alice no País das Maravilhas é um romance infantil do escritor inglês Lewis Carroll.
- A menina Alice está entediada quando vê um apressado Coelho Branco.
- O coelho entra em uma toca, e Alice o segue, caindo lentamente em um buraco.
- Ao chegar a um salão cheio de portas, Alice vê uma pequena chave que abre uma portinha.
- Depois de beber certo líquido e comer certo bolo, ela encolhe ou estica, na tentativa de atravessar a porta.
- De repente, o salão desaparece, e Alice se vê diante da casa do Coelho Branco.
- A partir daí, ela conhece vários personagens estranhos, como a Duquesa, o Gato de Sorriso, a Taturana, a Lebre de Março e o Chapeleiro.
- Vê uma porta em uma árvore e, ao abrir a porta, Alice volta ao salão e, dessa vez, consegue atravessar a portinha e entrar em um lindo jardim.
- Ela então conhece a autoritária Rainha de Copas, que, a todo momento, manda que cortem a cabeça de alguém.
- Durante o julgamento do Valete, que, supostamente, roubou uma torta da Rainha, Alice acaba sendo perseguida pelos soldados da monarca e acorda.
- Ela estava sonhando e, ao acordar, volta ao mundo real, onde está a sua irmã.
Análise da obra Alice no País das Maravilhas
→ Personagens da obra Alice no País das Maravilhas
- Águia
- Bill, a lagartixa
- Camundongo
- Canário
- Carangueja
- Chapeleiro
- Cinco
- Coelho Branco
- Cozinheira
- Diná, a gata de Alice
- Dodô
- Dois
- Duquesa
- Gato de Sorriso
- Gralha
- Grifo
- Irmã de Alice
- Jabuti de Mentira
- Lebre de Março
- Pat
- Pato
- Peixe-Criado
- Periquito
- Pombo
- Preguiça
- Rainha de Copas
- Rei de Copas
- Sapo-Criado
- Sete
- Taturana
- Valete de Copas
→ Tempo da obra Alice no País das Maravilhas
O livro apresenta tempo cronológico. Já a época em que transcorre a ação não é mencionada, de forma a dar um aspecto de atemporalidade ao texto.
→ Espaço da obra Alice no País das Maravilhas
A ação se a no fictício País das Maravilhas.
→ Narrador da obra Alice no País das Maravilhas
A obra apresenta narrador onisciente, já que ele conhece os pensamentos e o mundo interior da protagonista.
→ Enredo da obra Alice no País das Maravilhas
Alice está sentada em um banco e entediada por não ter o que fazer. Ao seu lado, sua irmã lê um livro. Então, um Coelho Branco, de olhos cor-de-rosa, a correndo. O coelho está preocupado, pois está atrasado para algum compromisso. Alice segue o coelho, que entra em uma toca.
Ela então entra na toca e inicia uma demorada queda no buraco. Até que, “de repente: plunct! Aterrissou em um amontoado de gravetos e folhas secas. A queda havia chegado ao fim”. Avista o Coelho Branco e continua a seguir o animal até que o perde de vista. Então “chegou a um salão comprido e baixo, iluminado por uma fileira de lâmpadas penduradas no teto”.
Ali há muitas portas, todas trancadas. Percebe que há “uma mesa de três pés, toda feita de vidro e sobre a qual havia apenas uma chavezinha dourada”. Atrás de uma cortina na parede, há uma portinha, que é aberta pela chave. Do outro lado, há um lindo jardim. Alice vê uma garrafa em cujo rótulo de papel está escrita a palavra “beba-me”.

Ao beber, Alice encolhe, diminui de tamanho. Mas esqueceu a chave dourada. Encontra um bolo bem pequeno, no qual está escrito, com groselha, a palavra “coma-me”. Então começa a esticar a ponto de bater a cabeça no teto do salão. Pega a chave, mas não pode ar pela porta. Alice chora. O Coelho Branco, todo apressado, aparece de novo.
Mas ele se assusta e parte, veloz. Depois de um tempo, Alice começa a encolher de novo, tudo culpa de um abanador que está ali. Nota que esqueceu a chave de novo e se afunda até o queixo em água salgada, as suas lágrimas. Um Camundongo aparece, nadando nas lágrimas de Alice. Além disso, a piscina de lágrimas está cheia de animais que caíram nela:
Já era hora de ir, pois a piscina estava ficando congestionada com os pássaros e animais que tinham caído nela: havia um Pato e um Dodô, um Periquito Arco-Íris, uma Águia e mais um punhado de bichos interessantes. Alice abriu caminho e toda a patota emplumada a seguiu até a beirada.
Por ela mencionar a Diná, sua gata, todos os bichos vão embora e deixam Alice ali sozinha. Mas o Coelho Branco volta novamente. Ele acha que ela é a empregada Mariana e lhe dá ordens. Além disso, “tudo parecia ter mudado desde o mergulho na piscina, e o grande salão, com a mesa de vidro e a portinha, desaparecera completamente”.

Na casa do coelho, Alice bebe o líquido de uma garrafinha. Sua cabeça fica enorme, e depois seu corpo cresce: “O crescimento continuou e, como última solução para não destruir a casinha, colocou o braço para fora da janela e encaixou o pé na chaminé”. Ao comer uns bolinhos, Alice começa a diminuir.
Foge de um cachorro e, ao descansar, percebe uma Taturana sobre um cogumelo. A Taturana está fumando narguilé. Depois de conversarem, a Taturana diz que um lado do cogumelo vai fazer Alice crescer, mas o outro lado vai fazer a menina diminuir. E vai embora, sem dizer de quais lados estava falando.

Assim, ao experimentar o cogumelo, Alice cresce e diminui até chegar à altura de vinte centímetros, quando se depara com uma casa de mais ou menos um metro de altura. O Peixe-Criado bate à porta, é atendido pelo Sapo-Criado. O peixe entrega ao sapo um convite e diz: “Para a Duquesa. Um convite da Rainha para jogar croqué”.
Depois, Alice abre a porta, entra e vai “parar em uma grande cozinha toda enfumaçada: a Duquesa estava sentada ao centro em um banco de três pés cuidando de uma bebê; a cozinheira, inclinada sobre o fogo, mexia um caldeirão aparentemente cheio de sopa”. Por causa da pimenta da sopa, Alice não para de espirrar.
A Duquesa espirra, o bebê espirra, só a cozinheira e um gato (que sorri todo o tempo) é que não espirram. A Duquesa joga o bebê para Alice cuidar, pois precisa se arrumar para o croqué com a Rainha. De repente, Alice percebe que a criança é uma porquinha e a deixa correr para o bosque.
Vê o Gato de Sorriso sentado no galho de uma árvore. O gato diz em que direção vive o Chapeleiro e a Lebre de Março. Menciona que ambos são completamente malucos. Por fim, o gato “desapareceu bem devagar. Primeiro a ponta do rabo, por último o sorriso, que permaneceu um tempo depois que o resto já tinha ido embora”.

A Lebre de Março e o Chapeleiro estão tomando chá e “uma preguiça dormia entre eles em sono profundo”. Apesar de a mesa ser grande, gritam que não há espaço quando veem Alice se aproximar. Mas Alice toma lugar à mesa mesmo assim. Depois de conversar com eles, Alice decide caminhar pelo bosque.

Percebe que uma árvore tem uma porta. Ao abrir e entrar, está de novo no salão. Dessa vez, consegue abrir a portinha e entrar no lindo jardim. Encontra Dois, Cinco e Sete pintando de vermelho as rosas brancas. Se a Rainha descobrir que plantaram rosas brancas, ela manda lhes cortarem a cabeça.
A Rainha aparece, e os três jardineiros se jogam de cara no chão. Ao fazer uma pergunta a Alice, ela não gosta da resposta e manda que lhe cortem a cabeça. O Rei intercede por Alice. A Rainha manda cortarem a cabeça dos jardineiros. Mas Alice consegue esconder os jardineiros, que, assim, escapam de três soldados.
Alice se junta ao cortejo real. A partida de croqué começa: “Alice pensou que jamais veria um campo de croqué tão esquisito na vida: coberto de buracos e morrinhos, as bolas eram ouriços vivos, os tacos eram flamingos e os soldados tinham de se dobrar e apoiar os pés e mãos uns dos outros para formar os arcos”.

Alice reencontra a Duquesa. A Rainha manda o Grifo levar Alice até o Jabuti de Mentira, para escutar uma história. Alice, o Grifo e o Jabuti conversam até que alguém grita “O julgamento vai começar!”. O juiz é o Rei. O Coelho Branco lê a acusação, a mando do Rei:
— A Rainha fez umas tortas
Em um belo dia quente.
O Valete roubou as tortas
E fugiu sorridente!
Testemunhas são interrogadas, e, por fim, Alice é chamada como testemunha. Quando Alice critica o julgamento, a Rainha manda cortarem sua cabeça. Então, acontece o seguinte:
— Quem liga pra vocês? — respondeu Alice (ela tinha voltado ao seu tamanho normal a essa hora). — Vocês não am de um baralho!
Foi então que o carteado todo se jogou para cima e desceu voando em direção a ela. Alice gritou, meio de medo meio de nervoso. Tentou obstruí-los e viu-se deitada no banco, com a cabeça no colo de sua irmã, que delicadamente retirava folhas mortas que pousaram das árvores no rosto de Alice.
Então Alice conta para a irmã todos os detalhes do sonho que teve.
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Características da obra Alice no País das Maravilhas
→ Estrutura da obra Alice no País das Maravilhas
O livro Alice no País das Maravilhas é composto por doze capítulos, assim intitulados:
- Dentro da toca do coelho
- Uma piscina de lágrimas
- A corrida maluca e uma história caudalosa
- Bill, a lagartixa-bala
- Conselhos de uma taturana
- Porca e pimenta
- Um chá das cinco muito louco
- O croqué da rainha
- A história do jabuti de mentira
- A quadrilha das lagostas
- Quem roubou as tortas?
- As evidências de Alice
→ Estilo literário da obra Alice no País das Maravilhas
Alice no País das Maravilhas faz parte da literatura infantil inglesa e, portanto, não está inserida em nenhum estilo de época. A obra é caracterizada por nonsense, elementos fantásticos e ironia. Também é destaque na narrativa a presença de neologismos e trocadilhos.
Contexto histórico da obra Alice no País das Maravilhas
A história da obra Alice no País das Maravilhas não está associada a um tempo específico, de forma que é atemporal.
Por sua vez, o contexto de produção da obra é o período vitoriano, em que a Inglaterra foi governada pela rainha Vitória, de 1837 até 1901. A Era Vitoriana foi marcada pelo enriquecimento do país, fruto da exploração colonialista e da industrialização, mas também enfrentou grande desigualdade social.
Nesse período de incentivo à produção cultural, a literatura adulta acabou assumindo um viés realista. Porém, historicamente, a literatura infantil esteve sempre associada a elementos imaginativos ou fantásticos, de forma a subverter a ideia de realidade, apesar de, às vezes, por trás do lúdico, tratar de elementos como o abuso de poder, representado pelas atitudes da Rainha de Copas.
Ideia principal de Alice no País das Maravilhas
A obra infantil Alice no País das Maravilhas contrapõe o sonho à realidade e coloca em evidência o que é absurdo. Portanto, a estranheza presente no sonho de Alice pode também estar associada à estranheza presente no mundo real, já que fatos absurdos também acontecem na realidade.
Assim, acontecimentos absurdos, por meio da repetição, atingem a normalidade, e, por isso, raramente são questionados. Alice, no sonho, é uma personagem questionadora, já que não está habituada aos elementos normalizados naquele mundo onírico. Portanto, se prestarmos atenção, descobriremos que certos costumes, crenças e atitudes normalizados em nossa realidade talvez devessem ser questionados.
Frases de Alice no País das Maravilhas
- “Tudo tem uma moral, basta você encontrá-la.”
- “Após tantos acontecimentos excepcionais, Alice começou a pensar que pouquíssimas coisas eram, de fato, impossíveis.”
- “Para que serve um livro sem figuras nem diálogos?”
- “Alice já estava tão habituada a esperar acontecimentos bizarros que parecia bem estúpido ver a vida acontecer do jeito normal.”
- “[O gato] tinha patas bem longas e um montão de dentes, o que a fez sentir que ele deveria ser tratado de maneira respeitosa.”
- “Se eu não sou mais a mesma, a pergunta inevitável é: quem, neste mundo, eu sou?”
- “Não faz sentido falar de ontem, porque eu era uma outra pessoa.”
- “Se cada um cuidasse da própria vida, o mundo giraria bem mais depressa.”
- “A melhor maneira de explicar é fazendo.”
- “Você vai chegar a algum lugar. Para isso basta caminhar.”
Lewis Carroll, autor de Alice no País das Maravilhas

Lewis Carroll é o autor de Alice no País das Maravilhas. Ele nasceu em Daresbury, na Inglaterra, no dia 27 de janeiro de 1832. Foi educado em casa pelo seu pai, que era professor e reverendo. Desde criança, o autor gostava de ler e escrever. Também apreciava jogos e adivinhas. Durante cerca de cinco anos, estudou em internatos. E, por gaguejar, foi alvo de bullying.
Mais tarde, ingressou na Faculdade Christ Church, em Oxford. Em seguida, tornou-se professor de Matemática dessa instituição de ensino. Publicou Alice no País das Maravilhas em 1865, e o sucesso foi estrondoso. O autor morreu em 14 de janeiro de 1898, em Guildford.
Crédito de imagem
[1] Ciranda Cultural (reprodução)
Fontes
BARBOSA, Mariana de Oliveira Lopes. Era Vitoriana. Disponível em: /historiag/era-vitoriana.htm.
CARROLL, Lewis. Alice no país das maravilhas. Tradução de André Cristi. São Paulo: Instituto Mojo de Comunicação Intercultural, 2019.
RODRIGUES, Lúcia Cristina. Lewis Carroll e os paradigmas educativos vitorianos. 2006. Dissertação (Mestrado em Estudos Ingleses) – Universidade Aberta, Lisboa, 2006.
SANTOS, Luciana. Jabberwocky, de Lewis Carroll: uma análise das variações linguísticas sob a luz da teoria da tradução. Olho d’água, São José do Rio Preto, v. 11, n. 2, jun./ dez. 2019.
WOLF, Jenny. O mistério de Lewis Carroll. Tradução de Ana Carolina Aguiar. São Paulo: Instituto Mojo de Comunicação Intercultural, 2019.
