A Caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro, ocupando, aproximadamente, uma área de 734.478 km2, que corresponde a cerca de 70% da região Nordeste e 11% do território nacional. O nome “Caatinga” possui origem tupi-guarani e significa “floresta branca”. Essa denominação representa as características da vegetação desse ecossistema, cujas folhas caem no período da seca. 5q3y5y
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A Caatinga apresenta diversas particularidades, principalmente em relação à adaptação climática das plantas e dos animais. Esse bioma é afetado por secas extremas e por períodos de estiagem, característicos do clima semiárido. Por essa razão, a vegetação precisou desenvolver mecanismos de sobrevivência em razão da pouca disponibilidade de água. A fauna é bastante diversificada e também é marcada pelas adaptações ao clima, como as recorrentes migrações nos períodos de estiagem.
A Caatinga localiza-se na região Nordeste do Brasil e compreende os seguintes estados: Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão, Alagoas, Pernambuco, Sergipe e Bahia. Também ocorre em algumas faixas da região Sudeste que ficam ao norte do estado de Minas Gerais.
O clima que compreende a região da Caatinga é o clima tropical semiárido. Esse clima é marcado por longos períodos de estiagem, isto é, sem chuvas. O índice pluviométrico é abaixo dos 800 mm/ano. As temperaturas são geralmente elevadas, com uma média de 27 ºC, podendo alcançar números maiores, superiores a 32 ºC. Durante o período de chuva, os índices pluviométricos podem atingir os 1000 mm/ano. Já nos períodos mais secos, há uma baixa, chegando a 200 mm/ano.
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A vegetação da Caatinga apresenta características de adaptação ao longo período de seca e grande diversidade de espécies vegetais, muitas delas endêmicas (desenvolvem-se apenas nessa região). A vegetação da Caatinga apresenta três estratos:
As principais características da vegetação da Caatinga é a presença de árvores baixas, troncos tortuosos e que apresentam espinhos e folhas que caem no período da seca (com exceção de algumas espécies, como o juazeiro). O cair das folhas é um mecanismo para evitar a perda excessiva de água e também diminuir a ocorrência de processos fotossintéticos para que as plantas entrem em estágio de economia de energia. Outra característica marcante é que as raízes das plantas cobrem o solo para que seja possível armazenar água durante o período de chuva.
Algumas espécies de cactáceas, como o mandacaru, apresentam uma característica peculiar: suas folhas são modificadas em espinhos para evitar que a planta perca água pelo processo de transpiração. Os espinhos são também um mecanismo de defesa dessas plantas a fim de evitar que animais alimentem-se delas.
Vale dizer também que os cactos, que compõem a formação vegetal desse bioma, apresentam grande capacidade de armazenamento de água. Há também plantas que apresentam em suas folhas uma espécie de cera para evitar a perda de água.
Outra característica marcante das espécies vegetais encontradas na Caatinga é a capacidade de algumas plantas de realizar fotossíntese e de produzir nutrientes mesmo que não apresentem folhas. Isso se deve ao fato de que essas espécies possuem caule verde com células constituídas por clorofila, que é o pigmento responsável por captar a luz e garantir que organismos consigam produzir seu alimento por meio da fotossíntese.
Destacam-se na Caatinga as seguintes espécies de vegetação:
bromélias |
xique-xique |
mandacaru |
embiratanha |
acácia |
juazeiro |
macambira |
maniçoba |
umbu |
mimosa |
A flora da Caatinga é bastante diversificada. O período de floração varia conforme a região, o regime de chuvas e a qualidade dos solos. Segundo a Embrapa, a Caatinga apresenta cerca de 1.981 espécies de plantas. Destacam-se os cactos, como o mandacaru e o xique-xique; as bromélias, como a macambira; e as leguminosas, como a catingueira.
A fauna da Caatinga é bastante diversificada, mas não tão conhecida, havendo diversas espécies de animais endêmicos. Os animais que se encontram na região abrangida por esse bioma apresentam características de adaptação ao clima, assim como as plantas, como o desenvolvimento de hábitos noturnos, comportamentos migratórios e “hibernações” (capacidade de algumas espécies de lidar com condições climáticas hostis).
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a Caatinga apresenta:
Dos animais encontrados nesse bioma, destacam-se:
sapo-cururu |
onça-parda |
macaco-prego |
asa-branca |
cotia |
tatu-bola |
|
sagui-do-nordeste |
preá |
tatu-peba |
veado-catingueiro |
sagui-do- nordeste |
guigó-da-caatinga |
jacaré-de-papo-amarelo |
Segundo o Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos, o solo da Caatinga é definido como raso a profundo. É rico em minérios, mas pobre em matéria orgânica, em razão das características do clima, da hidrografia e da vegetação da região. As texturas são arenosas e argilosas.
O mais comum nesse bioma é o solo raso e pedregoso, o que dificulta o armazenamento de água. As colorações variam entre tons avermelhados e cinzentos. Mesmo com essas características, ainda assim esse solo é utilizado para a criação de animais. Como principais produtos agrícolas cultivados na Caatinga, podemos citar o licuri, o umbu, o caju e o maracujá.
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Falar em “tipos de Caatinga” não é adequado. O termo correto para se referir às variações paisagísticas que existem nesse bioma é fitofisionomias da Caatinga. São fitofisionomias da Caatinga:
A hidrografia da região compreendida pelo bioma Caatinga apresenta rios que são, em sua maioria, intermitentes ou temporários, isto é, rios que correm apenas no período das chuvas e que secam durante a estação da seca. O rio perene (que apresenta água corrente o ano todo) mais conhecido desse bioma é o rio São Francisco. Os rios da Caatinga nascem geralmente nas encostas das serras. São exemplos de rios da Caatinga:
A Caatinga é considerada uma das 37 regiões do planeta que devem ser conservadas, pois contribui para a manutenção das características climáticas locais e globais, além de apresentar grande biodiversidade. Sua preservação é fundamental, principalmente porque esse bioma é o berço de diversas nascentes que abastecem o sertão nordestino.
A região semiárida abrangida por esse bioma é a mais povoada do mundo, sendo habitat para cerca de 28 milhões de pessoas, que tiram do bioma os recursos necessários para a sua sobrevivência. Além da intensa exploração dos recursos naturais, há o aumento da expansão da fronteira agrícola para viabilizar a produção agrícola e pecuária, acarretando então o aumento do desmatamento.
Segundo o Ibama, até 2008, o desmatamento na Caatinga chegava a 45%. Dados do MapBiomas (Sistema de Monitoramento dos Biomas do Brasil) apontam que a Caatinga perdeu aproximadamente 15 milhões de hectares entre 2000 e 2020, o equivalente a 26,36% de sua área original. |1|
Notas
|1| MapBiomas. Desmatamento, queimadas e retração da superfície da água aumentam o risco de desertificação da Caatinga. Disponível em: https://brasil.brasilescola-uol-br.comunicamaranhao.com/2021/10/06/desmatamento-queimadas-e-retracao-da-superficie-da-agua-aumentam-o-risco-de-desertificacao-da-caatinga/.
Crédito de imagem
Fontes
ASA. Dona Creuza e dona Josefa: guardiãs de sementes, saberes e amizades. Disponível em: https://brasilescola-uol-br.comunicamaranhao.com/116-acervo/o-candeeiro/1317-dona-creuza-e-dona-josefa-guardias-de-sementes-saberes-e-amizades.
Embrapa. ABC da Agricultura Familiar. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/122743/1/00081410.pdf.
Embrapa. Bioma Caatinga. Disponível em: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/bioma_caatinga/arvore/CONT000g5twggzg02wx5ok01edq5s5yu159n.html.
Inara R. Leal; Marcelo Tabarelli; José Maria Cardoso da Silva. Ecologia e conservação da Caatinga. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/biodiversidade-e-biomas/ecossistemas/biomas/arquivos-biomas/5_livro_ecologia_e_conservao_da_caatinga_203.pdf.
MapBiomas. Desmatamento, queimadas e retração da superfície da água aumentam o risco de desertificação da Caatinga. Disponível em: https://brasil.brasilescola-uol-br.comunicamaranhao.com/2021/10/06/desmatamento-queimadas-e-retracao-da-superficie-da-agua-aumentam-o-risco-de-desertificacao-da-caatinga/.
Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Caatinga. Disponível em: http://www.mma.gov.br/biomas/caatinga.
Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Caatinga. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/chm/_arquivos/parte2caa.pdf.
Ministério do Meio Ambiente. A riqueza da Caatinga. Disponível em: https://antigo.mma.gov.br/informma/item/9288-a-riqueza-da-caatinga.html.
Universidade Federal de Viçosa. Disponível em: ftp://ftp.ufv.br/def/disciplinas/ENF448/aula_10_fitogeografia/BIOMAS/CAATINGA.pdf.
Universidade Federal da Paraíba. Disponível em: ead.uepb.edu.br/arquivos/cursos/Geografia_PAR_UAB/Fasciculos%20-%20Material/Ciencia_Natureza_Realidade/CI_NAT_A06_RAAR_GR_250510.pdf.
Terra Brasilis. Disponível em: https://terrabrasilis.org.br/ecotecadigital/images/abook/pdf/2sem2015/novembro/Nov.15.33.pdf.
Fonte: Brasil Escola - /brasil/caatinga.htm